Diretrizes associadas a ESG têm exercido uma influência significativa nas decisões corporativas em escala global. Essencialmente, o tripé orienta as organizações a basearem seus negócios e tomadas de decisão em estratégias ambientalmente sustentáveis, socialmente responsáveis e em conformidade com princípios éticos, legais e transparentes em relação às suas partes interessadas e à sociedade em geral.
Naturalmente, essa dinâmica gera repercussões substanciais para a cadeia de liderança das empresas, que atualmente encara demandas crescentes por competências relacionadas ao ESG. Como resultado, tornou-se imperativo contar com líderes que possam facilitar o desenvolvimento e a incorporação dessa abordagem no cotidiano da instituição, para que passe a compor suas políticas e a cultura organizacional.
Nesse contexto, o tema não pode ficar concentrado apenas em alguns profissionais que têm mais familiaridade com a agenda, como os colaboradores das áreas de meio ambiente, sustentabilidade, gestão de riscos ou responsabilidade social, por exemplo. Faz-se necessário que o assunto integre a pauta executiva, sendo tratado como prioridade, para que todas as estratégias da empresa possam convergir para esse propósito. Essa integração do ESG deve permear todas as esferas da instituição, iniciando pela alta direção e se estendendo até as equipes operacionais.
Enquanto os líderes têm a atribuição de nortear a organização para essa mudança de mentalidade e visão, a cultura empresarial sustentável é que vai garantir o alinhamento dos processos diários aos eixos ESG em todos os níveis corporativos.
Portanto, considerando que a liderança desempenha um papel central na criação de uma atmosfera que prioriza o ESG e na garantia de que as iniciativas atreladas a essas dimensões sejam efetivamente implementadas, o compromisso e o protagonismo dos líderes são essenciais para o alcance desses objetivos.
Esse novo modelo de fazer e gerir negócios requer a capacitação da liderança e para que esse movimento ocorra na prática, a compreensão dos gestores sobre ESG é indispensável para conferir mais consistência e legitimidade às estratégias. Do mesmo modo, também é imprescindível comunicar de forma clara, engajar e motivar os liderados a buscarem conhecimento e desenvolverem habilidades que possibilitem o entendimento e aplicação dos conceitos ESG em suas funções.
Além das “green skills” (habilidades verdes), sobre as quais comentei em um artigo anterior, outras competências e características são importantes na formação do perfil de um líder sustentável, para que consiga garantir a fluidez na implementação dos critérios ESG nas organizações. Entre elas, destaco algumas, apontadas pela GPTW (Great Place To Work), como: visão e pensamento sistêmicos, inteligência emocional, empatia, inovação, adaptabilidade, foco e valorização da diversidade, transparência e comunicação.
Sob uma perspectiva particular, o gestor precisa reconhecer o seu lugar nesse processo, bem como o dever da empresa em que atua de entregar valor aos stakeholders e à sociedade, como uma de suas responsabilidades básicas e fundamentais, considerando todos os impactos de suas operações sobre o ambiente em que está inserida.
Em última análise, independente da área de atuação ou posição hierárquica, não há como um líder negligenciar a relevância do ESG para o sucesso e a perenidade das instituições, tampouco se abster de assumir o seu papel frente a esse cenário, impulsionando a cultura de sustentabilidade, direcionando esforços para o engajamento de toda a força de trabalho e fomentando práticas aderentes aos princípios ESG em todas as camadas da organização.