Conforme mencionado anteriormente, a agenda ESG tem ganhado crescente importância no cenário corporativo global. Empresas estão reconhecendo a sua significância como uma estratégia fundamental para garantir sua competitividade e sustentabilidade a longo prazo. Embora muitas tenham demonstrado avanços na adoção de iniciativas alinhadas ao pilar ESG, a transição da teoria para a prática representa um desafio considerável a ser superado.
Alcançar a maturidade em ESG é um propósito ambicioso para as instituições que desejam realmente integrar princípios sustentáveis em suas operações e cultura organizacional. No entanto, até pela carência de metodologias e diretrizes, percebe-se uma grande dificuldade por parte das empresas em discernir seu nível de progresso dentro da agenda, se estão atingindo os objetivos estabelecidos e o que precisa ser melhorado.
A ABNT PR 2030, publicada em dezembro de 2022, apresenta uma escala que possibilita às organizações identificarem qual seu estágio de maturidade em ESG e, com base nesse direcionamento, planejarem metas de evolução.
Os estágios previstos na Prática Recomendada são os seguintes:
1 – Elementar: a empresa se limita ao atendimento à legislação e requisitos regulamentares (se aplicável) e/ou aborda o tema de forma embrionária, na ausência de exigências regulatórias.
2 – Não integrado: há apenas tratativas iniciais sobre o critério ESG, com ações isoladas, sem integração apropriada com a gestão da organização.
Nesses dois primeiros níveis, não se pode considerar que a organização tenha práticas ESG, uma vez que, as ações são dispersas ou ocorrem somente para cumprir legislações vigentes. Além disso, o comprometimento da alta direção com as questões ESG é raso.
3 – Gerencial: o tema é tratado com processos estruturados, meios de controle e melhoria contínua, incorporados à gestão da empresa. Podem ser adotadas estruturas de sistemas de gestão regidos por normas nacionais ou internacionais pertinentes.
Nessa etapa, percebe-se um envolvimento maior e mais consciente com o tripé ESG, que vai além das obrigações legais. A partir daqui, é esperado um envolvimento mais intenso por parte da liderança, com crescimento do aprendizado e inovação. Nessa conjuntura, é iniciada a adesão às práticas ESG.
4 – Estratégico: a organização atua na temática, compreendendo os riscos, as oportunidades e as ameaças relativas ao negócio e sua cadeia de valor, de modo que, as decisões estratégicas consideram os aspectos ESG. Através da diferenciação de produtos e serviços, colabora com soluções para os desafios relacionados ao assunto.
É a fase em que a liderança encabeça os processos e utiliza o ESG para se distinguir das demais, através da inovação e novos modelos de negócio. As iniciativas possuem objetivos, metas, indicadores de desempenho e monitoramento contínuo.
5 – Transformador: a empresa gera valor compartilhado, influencia e fomenta transformações que solidificam o pilar ESG de maneira mais ampla. Impulsiona o engajamento com os stakeholders, buscando transpor as metas definidas e potencializar os impactos socioambientais positivos, é líder e protagonista do seu segmento e frente à cadeia de valor e apoia a pauta perante a sociedade; trata o critério, entendendo os riscos e seus impactos positivos (oportunidades) e negativos (ameaças) associados ao negócio (incluindo a cadeia de valor), considerando-os na tomada de decisão estratégica; contribui com soluções para os desafios ESG pela diferenciação de produtos e serviços e promove o engajamento das partes interessadas, compreendendo suas expectativas e necessidades, de modo a gerar impactos sociais e ambientais positivos dentro do conceito de valor compartilhado.
O amadurecimento em ESG não é um conceito binário. Em vez disso, é um processo gradual e contínuo, de forma que, muitas instituições estão constantemente melhorando suas práticas para se tornarem mais sustentáveis e responsáveis.
Você consegue identificar em qual fase de maturação sua empresa está e que medidas são necessárias para que ela avance ainda mais?