À medida que as empresas buscam integrar práticas de ESG em suas operações, a atenção para a incorporação desses princípios na cadeia de suprimentos (supply chain) tem se tornado uma prioridade estratégica. Em muitos casos, o impacto socioambiental gerado por fornecedores e terceiros é muito superior ao provocado pelas próprias operações da empresa.
Para entendermos melhor essa relação, é importante mencionar que a cadeia de suprimentos compreende a sequência de atividades ou partes que fornecem bens ou serviços para a organização (NBR ISO 20400:2017).
Uma cadeia de suprimentos sustentável propicia não somente a mitigação de riscos relacionados a segurança do trabalho, direitos humanos, compliance, imagem e reputação etc., mas também oportunidades atreladas a eficiência operacional (redução de custos e desperdícios, otimização de recursos), bem como impacto positivo para a sociedade e demais stakeholders.
Para assegurar a conformidade com os aspectos ESG, é fundamental que as empresas tenham a capacidade de rastrear a procedência de seus produtos e matérias-primas, bem como avaliar as condições de trabalho e práticas ambientais de seus fornecedores.
Nesse contexto, a gestão de fornecedores emerge como um dos pontos focais, com a seleção criteriosa de parceiros de negócios, alinhados com os princípios da boa governança e social e ambientalmente responsáveis em toda a cadeia produtiva. Além disso, a gestão eficiente de contratos, métricas ESG na avaliação de desempenho de fornecedores, monitoramento constante, auditorias periódicas e disponibilização de canais seguros de denúncia complementam esse processo, buscando o cumprimento dos requisitos legais e de compliance.
A capacitação e desenvolvimento de fornecedores, com ênfase na disseminação da cultura e das diretrizes ESG, se mostra uma excelente iniciativa para promover o engajamento da supply chain na estratégia de sustentabilidade e fomentá-la a evoluir na temática.
Um dos grandes desafios é alcançar os subfornecedores, em níveis mais distantes da cadeia. Por isso, a cobrança por um bom desempenho em ESG dos parceiros diretos, exigindo que eles demandem o mesmo de seus fornecedores, é imprescindível para abranger toda a rede envolvida.
A ABNT PR 2030:2022 cita estratégias sustentáveis a serem compartilhadas, a fim de ampliar a cooperação e os resultados em escala, como:
- Compartilhamento de informações e dados: tráfego de dados e materiais para otimizar recursos e processos;
- Circularidade: uso mais racional de matérias-primas, através da abordagem de cadeia de valor e uma melhor articulação entre os agentes da cadeia de suprimentos;
- Eficiência Energética: melhor uso dos recursos energéticos, com vistas a fontes renováveis e limpas;
- Gestão de Risco: maior nível de integração entre as partes para redução do risco de desestabilização da cadeia de suprimentos;
- Valor para o acionista (shareholder) e partes interessadas (stakeholder): junção de esforços e projetos sociais e ambientais para ampliar a geração de valor e a perenidade do valor para os acionistas e a sociedade.
A adoção dos atributos ESG na cadeia produtiva é uma “via de mão dupla”, devido à interdependência existente entre as empresas e seus fornecedores, considerando que as ações e decisões de uma das partes pode afetar e gerar implicações, tanto positivas quanto negativas, para todos os envolvidos. Ao trabalharem juntos, podem reduzir os riscos e explorar as oportunidades para fortalecimento, resiliência e prosperidade da cadeia a longo prazo.