Diversidade, equidade e inclusão (DE&I) integram uma série de ações promovidas pelas empresas para dar apoio, interna e externamente à organização, a “grupos minorizados” (historicamente excluídos da garantia de seus direitos básicos, principalmente, por motivo de preconceito relacionado a classe social, cor, etnia, idade, deficiência, religião, gênero, orientação sexual etc.).
Essa pauta é comumente associada à dimensão social do ESG, mas pode-se dizer que permeia por todos os três eixos. No âmbito social, segundo a ABNT PR 2030:2022, uma das finalidades das práticas de diversidade e inclusão é efetivar o compromisso das empresas com os Direitos Humanos e torná-las reflexo e referência para a sociedade. Isso inclui a existência de um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade, livre de preconceito e discriminação, a garantia de igualdade de condições e oportunidades para os colaboradores em sua evolução pessoal e profissional, o atendimento às necessidades de cada um – de forma justa – para exercer sua função e desenvolver seu potencial. Do mesmo modo, as iniciativas de inclusão devem se refletir no relacionamento da organização com a sociedade, através de suas partes interessadas.
À proporção que as empresas buscam instituir essa cultura e agregar diversidade e inclusão à sua estratégia, concorrem para a redução das desigualdades sociais e o desenvolvimento socioeconômico, além de propiciar a atratividade e retenção de talentos, a gestão de seus impactos acerca da diversidade e a geração de valor.
Na esfera da governança, deve-se dar importância à diversidade, equidade e inclusão na composição da alta liderança, direção e conselho de administração, com a implementação de medidas e diretrizes que possibilitem oportunidades equânimes para ascensão de pessoas pertencentes aos “grupos minorizados”, com o intuito de ampliar sua baixa representatividade em posições de influência. A equidade de salário entre gêneros também deve ser observada.
Analisando o aspecto ambiental, quando há incidência de desastres naturais e eventos climáticos severos, por exemplo, a população mais vulnerável, excluída ou marginalizada certamente é a mais atingida. Assim, a responsabilidade das organizações com o meio ambiente é imprescindível e contribui para a prevenção ou mitigação dessas ocorrências e seus impactos. Quando as empresas consideram em suas operações e atividades a preservação ou recuperação de territórios de povos indígenas e comunidades tradicionais, também estão promovendo iniciativas ambientais em favor da diversidade sociocultural.
O Guia de Boas Práticas em DE&I da B3 (Bolsa do Brasil), publicado em 2023, destaca dois conjuntos de motivos para a adoção da pauta pelas empresas. O primeiro está atrelado à ética, uma vez que, prover tratamento igualitário e combater preconceitos e discriminações é função de todos. E, com base nas desigualdades predominantes no Brasil, quando se fala em responsabilidade social, consequentemente, se aborda DE&I. O segundo se refere ao próprio negócio, contexto em que diversidade, equidade e inclusão são ferramentas essenciais de gestão, capazes de proporcionar vantagem competitiva, conforme apontam pesquisas realizadas nos últimos 12 anos.
Além de indicadores como o ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial, a B3 lançou, no dia 15 de agosto, o IDIVERSA B3, primeiro índice latino-americano de diversidade, que combina gênero e raça para selecionar as empresas que irão compor a carteira. Enquanto estimula a diversidade nas organizações, o indicador auxilia investidores a escolherem aquelas que se diferenciam neste critério ESG para aplicar seus recursos.
Diversidade de pessoas é sinônimo de multiplicidade de conhecimentos, experiências, talentos, pensamentos e ideias, o que viabiliza a criação de espaços mais saudáveis, criativos e inovadores.
Posicionar-se contra todo e qualquer tipo de discriminação é importante, mas não é suficiente. É necessário agir sobre as desigualdades, vulnerabilidades, situações excludentes, e fomentar uma mudança de mentalidade e cultura, individual e coletiva.
Com a incorporação dos princípios ESG e sua relação com os conceitos de capitalismo de stakeholders e geração de valor compartilhado, as empresas vêm assumindo gradativamente o papel de gerir os interesses da sociedade. Nesse cenário, ao praticar valores universais de direitos humanos nas relações interpessoais e institucionais, bem como implantar ações tangíveis em benefício da diversidade, equidade e inclusão, as organizações não apenas respondem positivamente a uma demanda ética e social crescente, mas atuam como reais agentes de transformação na construção de um mundo mais justo, sustentável e equitativo.