O comportamento dos consumidores sofreu uma expressiva transformação nos últimos anos, instigada sobretudo pelas novas gerações (*), como a Y ou Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e Z ou Centennials (nascidos entre 1997 e 2012), que se desenvolveram num mundo altamente digital, com facilidade e rapidez no acesso à informação.
As novas gerações representam uma parcela cada vez maior da população e do mercado consumidor. Isso lhes confere um poder de voz significativo. Além disso, são mais ativas do que as anteriores nas redes sociais, na política e em outros tipos de movimentos, o que lhes permite se conectar com outras pessoas que compartilham de suas convicções e se mobilizar para promover mudanças.
Os pertencentes a essas faixas geracionais, principalmente a Z, têm manifestado maior consciência e sensibilidade com a pauta ESG, buscando apoiar empresas que respeitam o meio ambiente, causam impactos positivos na sociedade e demonstram ética e integridade nos negócios. Tais preocupações refletem diretamente nas suas decisões de compra, pois para grande parte desse público, a aquisição de produtos e serviços não é apenas uma transação comercial, mas uma expressão de suas crenças e valores pessoais.
Uma pesquisa recente (2023) da agência britânica Deloitte revela que 60% dos entrevistados da geração Y e 59% da Z estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços mais sustentáveis.
Essa mudança na mentalidade do consumidor tem exercido uma pressão crescente sobre as empresas para que alinhem suas operações aos princípios ESG. Portanto, compreender os padrões que regem o consumo dessas gerações e se adaptar a essa nova realidade é uma necessidade fundamental para as organizações que almejam progredir e se destacar nesse cenário, conquistando vantagem competitiva junto a esses grupos.
A influência das novas gerações não se restringe somente ao mercado consumidor. Muitos jovens investidores estão em busca de oportunidades de investimento que não apenas proporcionem retornos financeiros sólidos, mas que estejam perfiladas com suas ideias e interesses. Isso tem levado à ascensão dos investimentos sustentáveis, bem como à incorporação de aspectos ESG nas decisões de investimento, refletindo a crescente conscientização de que empresas que adotam condutas sustentáveis e éticas são mais propensas a prosperar a longo prazo.
Os mesmos critérios considerados por essas gerações para consumo e investimentos também são expressos nas relações de trabalho. As práticas de recrutamento e retenção de talentos nas organizações estão sendo afetadas pelas perspectivas dos profissionais das gerações Y e Z, os quais têm buscado um propósito significativo na carreira e, portanto, empregadores que compartilhem de seus valores e compromissos com a sustentabilidade, a responsabilidade social e a boa governança.
Assim, seja como consumidores, investidores ou força de trabalho, as novas gerações estão impondo uma reavaliação dos modelos de gestão tradicionais e impulsionando as instituições a integrarem o tripé ESG em suas estratégias corporativas, de modo que, essas transformações estão moldando a maneira como as empresas operam, se relacionam com suas partes interessadas e geram valor para a sociedade e o mundo.
Num contexto em que fatores multigeracionais estão redefinindo hábitos, atitudes e a dinâmica dos negócios, e certamente vão impactar profundamente a economia global num futuro próximo, expandindo ainda mais a adesão aos atributos ESG, as organizações precisam desenvolver ainda mais sua capacidade de gerenciar riscos e oportunidades, inovar e se adaptar, a fim de garantir sucesso e perenidade.
(*) Não há consenso quanto ao período de nascimento de cada geração, por isso, poderão ser encontradas referências com datas diferentes. As utilizadas no texto são apontadas pela Pew Research Center.